MANUEL VIRGÍLIO FERREIRA, CONHECIDO POR “FERREIRA ITAJUBÁ”
Nasceu em Natal,
a 21.08.1875 (segundo Clementino Câmara), 1876 (conforme Cascudo) ou 1877 (na
opinião de Veríssimo de Melo), filho de Joaquim José Ferreira e d. Francisca de
Oliveira Ferreira. Ficou órfão de pai aos sete anos de idade e tal perda o
marcaria por toda a vida: Apesar das inclemências por que tenho passado, ainda
embalo esperanças, ainda nutro ilusões, debaixo do nevoeiro tormentoso que, de
quando em vez, me arrasa os olhos d’água, me enluta o coração, batido pela
amargura dolorosa da orfandade paterna, escreveu em 1910, à época atravessando
enormes dificuldades financeiras para sustentar a mãe e uma irmã (Como Tenho
Vivido, texto autobiográfico, publicado no jornal “A Capital”, citado por
Francisco das Chagas Pereira em Ferreira Itajubá, p. 16). Praticamente, pouco
estudou; na verdade, não foi além das primeiras letras, diz um seu biógrafo.
Essa carência, contudo, supriu-a - de certa forma - no convívio com letrados,
como Henrique Castriciano (V. “SOUZA, Henrique Castriciano de”, Século XIX) e
Eloy de Souza (V. “SOUZA, Eloy Castriciano de”, Século XIX), seus amigos,
aliado ao singular talento e, claro, à extraordinária sensibilidade de que era
dotado: Poeta de inspiração poderosa, original e vivo, quase iletrado,
constitui fisionomia invulgar na paisagem literária do seu tempo (Câmara
Cascudo, História do Rio Grande do Norte, p. 516). Aos 16 anos foi comerciário,
depois escrevente da Associação de Práticos; tentara lecionar mas era demasiado
irreverente para os padrões então vigentes. Trabalhou, também, no Atheneu
Norte-rio-grandense (1907-1910), para Clementino Câmara (V. “CÂMARA, Clementino
Hermógenes da Silva”, Século XIX), como Inspetor de Alunos; José Bezerra Gomes,
no entanto, tinha-no como contínuo pois assim constatara no “livro de ponto”.
Volta à Associação de Práticos e eis tudo o que fez, profissionalmente (estas
informações colhemos de Francisco das Chagas Pereira, op. cit., p. 15).
Casou-se com Emília Marques da Silva e teve um filho, Nazareno Itajubá; em
segundas núpcias, com Maria Ferreira Itajubá (1911), que morreria meses depois.
Publicou seus poemas na imprensa. Postumamente, seriam editados Terra Natal
(1914) e Poesias Completas (1927, pela Imprensa Diocesana). A Fundação José
Augusto publicaria (1965) a 2ª edição de Poesias Completas, com introdução de
Esmeraldo Siqueira e, posteriormente (1980), uma biografia sua, Itajubá
Esquecido, de Nilson Patriota. É Patrono da Cadeira nº 19 da Academia
Norte-rio-grandense de Letras. Há ruas (Natal, Mossoró e Touros) com o seu
nome, além de uma escola pública em Natal. Faleceu no Rio de Janeiro, em 30 de
julho de 1912.
FONTE – FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO